UM
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Prego palavras no papel como quem pendura gafanhotos num varal.
Nada faz sentido.
Palavras, imagens, tudo dentro de mim se desfazendo liquidamente
feito parede de areia em temporal.
Sobreposições, fusões
impressões desfeitas de um inconsciente à flor da pele.
Saudade do tempo em que dialogávamos.
Ainda que fosse apenas para ouvir o som de minha voz aguda
estourando contra a parede da caverna
e se desfazendo em estilhaços, reverberações.
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EU SOU SEU ECO
M E U A M O R
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Éramos.
Hoje somos dois silêncios tristes.
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DOIS
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Quero vomitar as imagens que congestionam minha insônia.
– Ela meteu o dedo na garganta e saiu um filme!!!
Esvaziar a mente, relegar à tela do infinito
a memória de sonhos inclassificáveis, intraduzíveis, impalpáveis.
Figuras que se refazem em rios de areia
nuvens poeira
sombras sobrepostas.
Vomitar as imagens e, no mosaico de restos ruminados,
plantar uma orquídea. Púrpura.
Catar as pérolas no lixo de mim.
Lapidar… Polir… Lapidar… Polir…
Esgotar o poço até de manhã.
Exausta, enfim, dormir.
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PRECE
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Senhor
Já que eu não tenho epocler
me mande o Anjo do Bom Humor.
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TRÊS
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QUATRO
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Todas as suas portas estão fechadas para mim.
Se eu fosse uma imagem, você me captaria com suas lentes.
Preto e branco.
Luz e sombra.
Mas sou de carne e sangue
e esta realidade pesa demais para você.
Não se culpe, não me culpo.
Assim é. Assim somos.
Ossos. Lente. Sombras.
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Quanta inspiração, Ana! Gostei muito!
muito bom, Anamaria querida, a Arte expressou de novo os sentimentos que explodem no coração e na mente da poetisa. Parabéns!
hoje reli…e me emocionei muito mais…
Diferente dos outros, eu pesquiso sobre jogo de sombras e ancorei aqui. Abraços do CABRAL, navegador preciso!!
Obrigada pela visita.
Espero que tenha gostado do porto ocasional 😉
Abraço.
… sinto em você as marcas da minha professora querida. Saudades… Um abraço, “dona” Norien…