Pode ser um exagero, eu sei. Pior: um luxo. Mas a verdade verdadeira e absoluta deste exato momento da minha vida é que eu gostaria de poder dedicar os próximos 20 ou 30 anos (com sorte) às duas atividades que mais me aproximam de mim e do outro: cozinhar e escrever, escrever e cozinhar, não necessariamente nesta ordem, e às vezes tudo junto e misturado, com muita farinha de trigo pairando sobre o teclado.
Cozinhar é a melhor maneira que conheço de ficar sozinha, e por isso é, para mim, o caminho mais curto para estar com o outro. É como um longo ritual de preparação para o encontro, um daqueles sábados adolescentes em que a moça passa esmalte vermelho nas unhas, raspa as pernas com gilete, besunta o cabelo de creme batido com gema de ovo e depois enxágua em água de hortelã para ficar macio e brilhante, passa rímel nos olhos, escolhe o melhor perfume e o vestido mais decotado para encontrar seu amor. Um ritual solitário que a deixará pronta para oferecer o melhor de si.
Às vezes o melhor é o melhor mesmo, às vezes é apenas o melhor que a moça pode oferecer naquele momento, não importa. O que importa é compartilhar com o outro o diamante lapidado na solidão do espelho, das palavras, das panelas. Difícil, eu sei, mas quem quer viver de miojo?
Pois é, Donana, no fundo, a solidão é aquele ente que nunca nos abandona vida afora. Temos que dar um jeito de encará-la como oportunidade de estarmos a sós conosco mesmos. E um texto que se escreve, uma canção que se compõe, ou uma bancada posta de ingredientes para se cozinhar podem ser ótimos interlocutores, nessa nossa lida com o espelho da nossa existência.
Pecê, querido, quando vamos nos encontrar e compartilhar os frutos de nossas solidões numa bela roda de música (ótima) e comida (boa)?
Beijo.
Prezada Ana,
Acompanho seu blog desde Barcelona, é um prazer compartilhar dos seus comentários incluindo as saborosas receitas. Não pare nunca.
Abraços,
Cleo
Cleo, você me deu uma grande alegria com seu comentário, de verdade. Espero não decepcioná-la!
Um abraço,
Ana.
Ana, torta para os olhos e texto para a alma…
Beijocas!
Selma, sei que ando sumida, mas adoro quando você aparece por aqui 🙂
Beijinho.
Amiga querida, to com a Cleo, que te acompanha desde Barcelona: don´t stop never! Delicia ler seus textos. Quanto à torta, Vou esperar vc fazer uma só pra mim… bj gde
Amiga, faço uma torta exclusiva quando você quiser, pode escolher o sabor!
Saudade.
três coisas que me deixam feliz: cozinhar para os outros, escrever para os outros e para mim, e comer a comida que os outros fazem para mim!
e quem não provou dessa torta não sabe o que perdeu. nham!
beijocas e obrigada, ana.
Eu não quero viver de miojo. Aliás, só quando nõ tiver mais nada para comer e já estiver há dois dias sem nada no estômago!!!!!!!!!
prefiro as comidinhas bem temperadas e temperadas com muito amor!!!!!!!!!!!
Beijo
Tio
estar só, pra mim, é um grande lance. Tem sido, amiga querida. Mas esse ingrediente arde nos olhos, embora arranque lágrimas salvadoras, tantas vezes…